21 de abr. de 2006
Cafés
Ontem eu estava lendo, como tenho feito todas as noites, e as personagens discutiam a respeito de um tradicional café da cidade onde a história se passa, das curiosidades e fatos a respeito, das personalidades que por ali haviam passado. Imediatamente me veio à mente a lembrança de um café ao qual fui algumas vezes durante a minha estadia em Viena. Conheci meio que por acaso, indo com o pessoal que fazia treinamento comigo (nunca fui muito leitora de guias turísticos, mesmo sabendo que muitas vezes é bom dar uma olhada neles).
O café se localiza em um ponto bem central da cidade, próximo à catedral e à Pestsäule. Um lugar bastante pequeno, com sofás revestidos de veludo, as mesas pesadas, as cadeiras antigas, todas as paredes revestidas de madeira, numa delas centenas de cartazes anunciando os acontecimentso culturais da cidade. De um lado uma portinha misteriosa, que ninguém sabia bem onde ia dar (agora descobri que o café era antigo bar, fundado em 1906 com o nome de "Je t'aime", onde havia um separée). Esse é (nada romântico) hoje o depósito do local.
Entrei na internet e fiquei muito supresa ao ver que o Café Hawelka tem sua página própria! Fiquei lendo um pouco da história e dos personagens envolvidos nela. Os donos, um casal, haviam iniciado o negócio pouco antes do início da II Guerra, e com ela foram obrigados a fechar o local, abandonando a cidade. Após o término, em 1945, eles voltaram à cidade e encontraram, como que por milagre, o edifício intacto, sem nem mesmo uma vidraça quebrada, apesar da destruição que havia ao seu redor. Reabriram, enfrentando as dificuldades da época e conseguiram reerguer o negócio. Até 3 anos atrás, os 2 ainda trabalhavam lá durante o dia, auxiliados pelos filhos e netos. O Sr. Hawelka faz questão de cumprimentar todos os clientes pessoalmente, e a Sra. Hawelka (que faleceu no início do ano passado) andava entre as mesas oferecendo suas bolachinhas especiais (receita de família).
Não é um lugar lindo, mas meio mágico, onde o tempo parece ter parado, e que convida a sentar, pedir um café, ler um livro ou um jornal, enfim, dar tempo pra nós mesmos, fugindo um pouco da correria atual. Fiquei com saudade de ter um lugar assim... Mas quem sabe um dia, eu ainda volte lá?
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