3 de abr. de 2003

O que ser� (� flor da pele)
Chico Buarque/1976
Para o filme Dona Flor e seus dois maridos de Bruno Barreto

O que ser� que me d�
Que me bole por dentro, ser� que me d�
Que brota � flor da pele, ser� que me d�
E que me sobe �s faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atrai�oar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que n�o tem mais jeito de dissimular
E que nem � direito ningu�m recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que n�o tem medida, nem nunca ter�
O que n�o tem rem�dio, nem nunca ter�
O que n�o tem receita

O que ser� que ser�
Que d� dentro da gente e que n�o devia
Que desacata a gente, que � revelia
Que � feito uma aguardente que n�o sacia
Que � feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos v�o conciliar
Nem todos os ung�entos v�o aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, ser� que ser�
O que n�o tem descanso, nem nunca ter�
O que n�o tem cansa�o, nem nunca ter�
O que n�o tem limite

O que ser� que me d�
Que me queima por dentro, ser� que me d�
Que me perturba o sono, ser� que me d�
Que todos os tremores me v�m agitar
Que todos os ardores me v�m ati�ar
Que todos os suores me v�m encharcar
Que todos os meus nervos est�o a rogar
Que todos os meus �rg�os est�o a clamar
E uma afli��o medonha me faz implorar
O que n�o tem vergonha, nem nunca ter�
O que n�o tem governo, nem nunca ter�
O que n�o tem ju�zo

Uma das v�rias m�sicas que ouvi ontem....
Aproveitei para acender minhas velinhas, colocar um cheiro de rosas na casa, me sentar no sof� e pensar ou cantar junto.
At� dancar sozinha na sala eu dancei!
Depois pegar um dos meus livros preferidos e comecar a rel�-lo: "O Amor nos tempos de c�lera". Apesar de ser em Portugu�s de Portugal, com figuras de linguagem lindas!


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